As aulas começaram e com elas um mix de ansiedade e preocupação paira sobre um grupo específico de alunos: as famosas turmas do Terceirão. O terceiro ano do ensino médio é um período crucial para os estudantes que se preparam para os vestibulares e, consequentemente, uma nova etapa da vida que pode definir o caminho a seguir profissionalmente.
Contar com o apoio do colégio e da família é fundamental neste período. Afinal, a cabeça dos alunos está “fervendo”, cheia de dúvidas, incertezas, medos e responsabilidade excessiva. Rafael Ferreira, orientador pedagógico do Colégio Premier, de Londrina-PR, destaca a necessidade de os alunos traçarem objetivos claros, tanto em relação à escolha da profissão quanto à instituição de ensino. O planejamento inclui identificar o curso desejado, considerar opções alternativas e avaliar a situação psicológica e pedagógica do estudante.
“O aluno do terceiro ano vai enfrentar uma jornada de vestibulares e uma série de desafios que exige muito planejamento. Primeiro é pensar se está, de fato, convencido da profissão que escolheu para prestar o vestibular. Uma vez que ele chega a essa conclusão, aí é preciso saber qual é o caminho mais interessante para ele traçar para alcançar esse objetivo. Ao mesmo tempo, é preciso saber em que situação ele está psicologicamente e pedagogicamente”, aponta Ferreira.
O orientador lembra que a pressão para passar em uma universidade, seja ela por parte da família ou mesmo autocobrança do aluno, pode atrapalhar. “Por isso é preciso estabelecer o equilíbrio emocional do aluno. O adolescente é muito volátil, experimentando várias sensações ao longo do dia. Se ele é tão volátil a ponto de a gente perceber variações do comportamento diariamente, imagina você em um ano”, destacou.
Diante desta volatilidade dos adolescentes, Ferreira reforça a importância de monitorar constantemente seu estado de ânimo. Embora alguma pressão seja natural, o orientador alerta para o impacto do estresse prolongado no desempenho cognitivo.
Com relação à dedicação diária aos estudos, será que tem um tempo pré-determinado que os estudantes devem seguir? Ferreira enfatiza a personalização, considerando a escolha da carreira, o momento do ano e o estado emocional do aluno. Para o professor, o ritmo de estudo, a disciplina e a regularidade são mais importantes do que uma quantidade fixa de horas.
“Ninguém vive o tempo todo focado em atividades profissionais ou educacionais. Qualquer pessoa precisa de lazer, de um momento de descontração, e sem pressão também, porque a vida exige isso”, afirmou, destacando a importância dos momentos de lazer para descomprimir o estresse. Ele também recomenda a prática regular de esportes não apenas como forma de descontração, mas também para exercitar a concentração.
A dica final de Ferreira é estabelecer uma comunicação constante entre pais e filhos. Ele enfatiza a compreensão da fase única da adolescência, destacando a importância dos pais como referência e incentivadores.
“Perceba os seus filhos, entreviste seus filhos diariamente perguntando o que ele precisa, se ele está bem. Não deixando de cobrar as suas obrigações, mas ao mesmo tempo entendendo que ele é diferente do pai. Que o meu filho é diferente de mim porque ele está numa outra fase da vida, diferente da minha e como eu já vivi. Como eu sou o adulto da situação, eu preciso entender a realidade dele para poder ajudar. Porque eu sou referência dele. Então, ao invés do pai descer para a mesma idade do filho, ao invés da mãe descer para a mesma idade da filha, é importante estabelecer um entendimento de como esse menino está, essa menina está, para oferecer a ele a ajuda que ele tanto precisa naquele momento que ele precisa ou estimulá-lo no momento em que ele pode ser estimulado”, finalizou.